Infelizmente não pude estar presente na reunião do IBBY que ocorreu na passada sexta-feira (dia 15) em Lisboa, por isso deixo-vos os testemunhos de quem lá esteve.
D’O Bicho dos Livros:
«Realizou-se na passada 6ª feira uma reunião entre alguns elementos da direcção internacional do IBBY (International Board of Books for Young People) e um conjunto alargado de pessoas que trabalham no sector do livro infantil (escritores, ilustradores, editores, promotores, professores), no sentido de se criar uma nova secção portuguesa desta instituição não governamental, depois do desaparecimento da APPLIJ, por falta de verbas. Depois de uma apresentação das várias valências do IBBY, do seu funcionamento central e da exemplificação da estrutura de algumas secções, passou-se à discussão sobre a situação portuguesa. Para integrar o IBBY, a secção portuguesa terá, em primeiro lugar, de elaborar os seus estatutos, de eleger uma direcção, elaborar um relatório de actividades bienal e finalmente de contribuir, anualmente, com uma quota de €3000. Este valor é estimado de acordo com o PIB nacional e o número médio de livros editados. Foi com sentido de humor que fomos informados que também neste sector estamos ao nível da Irlanda e da Grécia, cujo valor da contribuição é idêntico. Já a secção holandesa, por exemplo, paga anualmente €7000. Entre os elementos que integrarão a direcção, dois serão os intermediários privilegiados entre a secção nacional e a direcção internacional. Depois de alguma discussão sobre o possível (ou impossível) contributo de instituições públicas como a DGLB ou o Ministério da Cultura, decidiu-se pela criação de uma equipa de trabalho que deverá pensar numa primeira formulação dos estatutos e em congregar os interessados, informando-os do processo de criação da secção e organizando reuniões. Foi então constituída a equipa com aprovação dos presentes: Eduardo Filipe (responsável pela Ilustrarte), André Letria (ilustrador), Maria Carlos Loureiro (DGLB) e Leonor Riscado (professora universitária e promotora da leitura). Uma secção portuguesa do IBBY dará a Portugal a possibilidade de candidatar livros a prémios como o ALMA ou o Hans Christian Andersen, participar nos Congressos e trocar experiências com as outras secções, espalhadas pelo mundo inteiro. Os ilustradores portugueses são já reconhecidos, alguns dos nossos escritores também, as Palavras Andarilhas e Nuno Marçal, com o seu bibliomóvel foram já candidatos ao ALMA, o que significa que o trabalho que por cá se faz não é de todo desconhecido ou inválido. É por isso essencial legitimá-lo ainda mais, dá-lo a conhecer e disseminá-lo. Essa abertura de horizontes far-nos-á trabalhar melhor e obter outro retorno desse trabalho, em todas as áreas, sejam elas no âmbito editorial ou de promoção e docência. Qualquer interessado pode ser associado do IBBY, e será de todo o interesse que os estatutos portugueses o permitam, por forma a que pais, educadores, mediadores, editores, livreiros, autores, bibliotecários, animadores e quem mais tenha interesse possam participar.»
e d’O Jardim Assombrado:
«A Andreia Brites já disse quase tudo neste post d'O Bicho dos Livros. Na passada sexta-feira, o IBBY (International Board on Books for Young People) promoveu uma reunião em Lisboa – a Sociedade Portuguesa de Autores cedeu o espaço – com o objectivo de “ressuscitar” a secção portuguesa e integrá-la no actual grupo dos 73 núcleos activos em todo o mundo (neste momento, só o Brasil representa a língua portuguesa).
Isto significa muito – por exemplo, a possibilidade de nomear candidatos ao Prémio Hans Christian Andersen e à Lista de Honra, como já foi feito no passado. Há outras coisas mais low profile que não ficam tão bem na fotografia, mas são, pelo menos para mim, muito mais estimulantes. Falo dos programas Children in Crisis e Yamada Fund, que implicam os livros para crianças na sua dimensão (óbvia) de responsabilidade social e cultural, levando muito longe a ideia de “livroterapia”. O IBBY esteve presente nos terramotos do Haiti e do Chile, entre outros cenários calamitosos, para mostrar que a leitura é decisiva na (re)construção do indivíduo – isto para quem acredita que os livros salvam vidas –, tal como o cimento é importante na reconstrução de um país.
Por enquanto, ainda estamos no reinício. Na sala, entre cerca de 40 pessoas de várias as áreas (escrita, ilustração, jornalismo, promoção da leitura, bibliotecas, edição…), vi muitas caras novas, gente que com certeza tem contributos válidos para esta nova fase do IBBY em Portugal. Porque somos um país de talentos erráticos, parece-me importante que quem queira dar o seu contributo não fique de fora, e isso só se fará com uma secção forte e vitalizada, que acolha em vez de excluir, porque é assim, e só assim, que as coisas crescem e se multiplicam.
O grupo de trabalho recém-formado, que se encarregará de rever os estatutos e aferir as bases para a fundação de uma nova associação, é de peso e tem créditos bem firmados: Eduardo Filipe (comissário da Ilustrarte), Maria Carlos Loureiro (responsável da DGLB), André Letria (ilustrador), Leonor Riscado (professora universitária e investigadora) e António Torrado (escritor). Bom trabalho!»
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